Conectando Pontos

Conectando Pontos

Atenção : Leia o texto com a mente aberta e tentando visualizar como ele se aplicaria a você em situações passadas e principalmente futuras. Isso vai potencializar o seu entendimento sobre o conteúdo.

Quando você realmente aprende algo? Mais do que isso, quando você de fato consegue transformar o que aprendeu em algo útil em seu dia-a-dia? Pois bem, neste texto vou me aprofundar nesta questão e apresentar o mecanismo de nossos cérebros que nos faz capazes de aprender coisas cada vez mais complexas e juntar conhecimentos distintos para criar novas soluções para nosso cotidiano.

“Mas isso eu já sabia”, a frase que te limita.

Quando você se propõe a aprender algo novo indo a uma palestra, lendo um livro, começando um curso ou de qualquer outra forma, é bastante comum você pensar, dizer ou ouvir alguma variação da frase, “mas isso eu já sabia”. O que de fato pode ser verdade, você já pode ter tido contato com o ensinamento em questão anteriormente, no entanto, proponho uma reflexão nestes casos: “Ok, eu já sabia, mas o que de fato eu consigo realizar com esse conhecimento? Consigo aplicá-lo em situações do meu dia-dia?”

Quando a resposta é “não” significa que você ainda não conseguiu criar as conexões necessárias entre esse conhecimento e suas atividades do dia-a-dia.

Exemplo Prático

Imagine uma criança sendo alfabetizada. Num primeiro momento são apresentados o formato e o som das letras. Após isso, ela aprende a juntar essas letras soltas, formando sílabas. Logo em seguida ela aprende a juntar essas sílabas e com algum treino essa criança começa a ser capaz de escrever palavras e frases simples. No entanto, por hora, nada disso possui uma utilização prática em seu dia-a-dia, ela só escreve pois alguém lhe pede para o fazer.

Agora imagine que certo dia antes de ir para escola essa criança se vê na necessidade de falar algo para seus pais, mas como eles estão trabalhando não será possível falar diretamente. Por conta dessa necessidade surge uma ideia em sua mente e ela decide deixar um bilhete para dizer o que deseja a seus pais.

Algo bastante interessante ocorreu nesta passagem, essa criança conectou os pontos entre duas habilidades, uma que já possuía, mas sem função na vida real (a escrita) e outra que já lhe era útil, mas que não conseguiria utilizar naquela situação (se comunicar). Através da conexão entre essas duas habilidades ela aprendeu/criou algo totalmente novo, a “comunicação pela escrita”.

 

Para que você entenda esse conceito da melhor forma e tendo em vista o exemplo anterior vou ilustrar como funciona o mecanismo de nossos cérebros que nos permite aprender coisas cada vez mais complexas conectando conceitos mais simples que já sabíamos.

Imagine que tudo que você aprendeu e vivenciou em sua vida são pontos em seu cérebro:

Figura1

Agora imagine que a cada vez que você faz uma relação mental entre duas coisas que você sabe você está criando uma conexão entre esses pontos:

Figura2

Imagine também que à medida que você vai conectando esses pontos mais e mais vezes eles podem se juntar e se tornar um novo ponto:

Figura3

Então imagine agora que você pode conectar esses pontos criados anteriormente com outros pontos para criar novos pontos:

Figura4

E, por fim, imagine também que por mais complexos e abstratos que esses conceitos sejam é possível você juntá-los para criar algo novo e ainda mais complexo:

Figura6

Pois bem, de maneira bastante simplificada é desta forma que juntamos conhecimentos prévios e os transformamos em algo novo. É esse também um dos mecanismos de nossos cérebros que nos permitiu evoluir de seres que viviam em cavernas até a civilização moderna atual.

Tendo em vista o conceito de “conectar os pontos” que acabamos de aprender vamos agora visualizá-lo por uma outra perspectiva.

Exemplo prático: Imagine que você nasceu a muito tempo atrás, numa sociedade onde grande parte das coisas que possuímos ainda não existiam. Imagine também que você sempre teve a visão perfeita, mas que ultimamente vem notando que seus olhos estão distorcendo as imagens que você vê e isso vem te atrapalhando bastante.

Agora imagine que certo dia você está tomando água em um copo de vidro transparente e por acaso nota que quando você olha por ele as coisas continuam distorcidas, mas agora de uma forma diferente. Imagine também que neste exato momento vem também a sua mente que é possível utilizar “coisas opostas” como água quente e água fria para chegar a uma água com a temperatura ideal, então você tem uma ideia: “E se eu utilizar essa propriedade do vidro de distorcer a imagem para tentar corrigir a distorção que meus olhos estão causando em minha visão?”.

Pois bem, você acabou de inventar o conceito de óculos! Se você se dedicar a fazer experimentos e a aprender mais sobre as propriedades do vidro, você pode se tornar o criador de uma das invenções mais úteis de todos os tempos.

 

Figura7

Aprendendo conceitos mais complexos a partir de conceitos mais simples

Dado que entendemos os exemplos da comunicação escrita e do conceito de óculo, vamos avançar para algo mais conceitual e um pouco mais complexo juntando os aprendizados mais simples que já adquirimos neste texto.

Você provavelmente já ouviu em algum momento de sua vida que “É necessário pensar fora da caixa”, mas de fato você criou algum link útil com isso? Consegue aplicar em seu dia-a-dia?

Sim? Não? Não importa, esse exemplo irá te ajudar a enxergar melhor este conceito de uma perspectiva mais ampla.

Primeiro de tudo vamos definir o que é “pensar fora da caixa”. Dentre as inúmeras definições a que mais gosto é a seguinte:

“Pensar fora da caixa é uma metáfora que significa pensar diferente, de maneira não convencional ou a partir de outra perspectiva”.

Ou seja, se todo mundo está pensando banana e você pensar maçã, já pode ser considerado “pensar fora da caixa”, no entanto, só pensar diferentemente de todo mundo te ajuda de fato?

Exemplo Prático: Imagine que você é um cabeleireiro e quer “pensar fora da caixa” para deixar seus “clientes mais satisfeitos” com o “corte de seus cabelos”, então você resolve que ao invés de utilizar tesouras irá utilizar uma motosserra. De fato, você está pensando diferente da grande maior parte dos outros cabeleireiros, mas você realmente acha que seus clientes vão ficar mais satisfeitos por esse motivo? É claro que esse é um exemplo absurdo, mas ele ajuda a mostrar o ponto de que neste caso você está pensando de maneira não convencional, mas ainda não conectou os pontos adequados entre “pensar fora da caixa”, “clientes satisfeitos” e “corte de cabelo”:

Figura8

Um outro exemplo um pouco mais trivial seria servir aperitivos e drinks, o que de fato pode aumentar a satisfação do cliente, mas neste caso onde está o fator “corte de cabelo”. Aqui você juntou “pensar fora da caixa” e “cliente satisfeito”, mas não vai adiantar nada a médio e longo prazo servir o melhor banquete se o corte de cabelo não agradar o cliente.

Figura9

Agora vamos refletir, o que deixa um cliente feliz com seu corte? Um cabeleireiro que pensa dentro da caixa poderia dizer “Um corte de cabelo bem feito utilizando técnicas modernas de corte”.

Figura10

No entanto, “pensando fora da caixa”, o que de fato faz um “cliente ficar satisfeito” com “seu corte de cabelo”? Ele quer se sentir bem, mais bonito, renovado entre outros possíveis resultados relacionados a sua vida pessoal e profissional e de fato não importa qual técnica foi utilizada se esses resultados foram alcançados.

Com isso em mente, esse cabeleireiro que conectou todos os pontos “pensar fora da caixa”, “cliente satisfeito” e “corte de cabelo” poderia, além de aprender as melhores técnicas de corte e fazer o de sempre que é perguntar o que o cliente deseja, estudar também os possíveis formatos de rosto e quais tipos de corte se adequam melhor a cada um, entender quais cores de cabelo se adequam mais ao tom de pele de cada cliente e ir atrás de outros conhecimentos para que esse cabeleiro consiga dar sugestões pertinentes que vão de fato ajudar a entregar um resultado realmente diferenciado a seu cliente tendo em vista o motivo de eles estarem ali querendo cortar o cabelo, aumentando assim a satisfação com seu corte.

 

Figura11

Se quiser ir mais para fora da caixa ainda, o cabeleireiro poderia estudar visagismo e fazer uma entrevista prévia detalhada para entender melhor os objetivos pessoais e profissionais do cliente e ajudá-los a conseguir melhores resultados em suas vidas através de seus cortes.

Conectando os pontos

Não importa o quanto você sabe, conhecimentos e habilidades isoladas não te ajudam em muita coisa, é necessário que você conecte os pontos certos para que consiga de fato aproveitar todo potencial de suas vivências e aprendizados.

Este texto te fez conectar alguns pontos? Se sim, compartilhe conosco pelos comentários, seu insight pode ajudar muitas outras pessoas que não haviam pensado dessa maneira.

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